14/06/2010

Há coisas… neste Alentejo!

Muita coisa me intriga nesta nossa região no que diz respeito ao basquetebol, mas as últimas que me levaram a escrever este pequenino texto são:

Numa região onde a expressão máxima do basquetebol se resume à CNB2 (4ª e última divisão Nacional), onde apenas há meia dúzia de equipas de seniores que treinam em média 4 ou 5 horas por SEMANA, onde alguns clubes nomeadamente os de Évora não recebem qualquer apoio monetário há 2 épocas por parte da C.M.Évora, onde muitos dos “treinadores” que dirigem as equipas são jovens que nem habilitação para treinar têm e apenas ensinam à semelhança do que aprenderam com outros que pouco mais sabiam que eles… a A.B.Alentejo orgulha-se de conseguir o apoio da C.M.Évora para organizar o Clinic Internacional de rendimento 2010 e eu pergunto:

- Qual será o retorno que este clinic tem para os treinadores do Alentejo se ninguém aqui treina nenhuma equipa de rendimento?

- Qual será o retorno para os clubes?

- De que forma este clinic vai melhorar o nível do basquetebol do Alentejo?

- Se a A.B.A. que tem capacidade junto da CME de justificar trabalho de modo a obter verbas que permitem organizar o clinic, não consegue ajudar os clubes a obter as verbas que mantenham os clubes activos. Para que servem os clinics sem clubes e sem atletas?

Nota: Não tenho nada contra o facto de organizar o clinic em Évora, espero poder estar presente mas de facto as prioridades estão todas trocadas. Preocupamo-nos porque não temos árbitros ou porque o treinador não tem o nível "x" ou porque o pavilhão não tem aquele instrumento… e esquecemo-nos que para fazer sentido falar em treinador, árbitro ou pavilhão primeiro é preciso falar em clube e depois em atleta.


Quantos jovens, uns mais que outros, desta região conhecem a palavra Jamboree? E quantos esboçam um sorriso de saudades quando falam no jamboree em que estiveram presentes? E quantos ainda, têm amigos espalhados pelo país que fizeram no jamboree? E treinadores, quantos têm o prazer de dizer que foi o jamboree que despertou neles o prazer de ensinar os mais novos? Por tudo isto pergunto se faz sentido que a A.B.A. pela primeira vez em 10 anos tenha decidido prescindir de uma vaga para o próximo jamboree?


No passado fim-de-semana os iniciados deste clube foram convidados a participar em substituição de uma outra equipa, num torneio organizado pelo Benavente Basket Clube no qual também participava o Atlético de Reguengos.

Durante o fim-de-semana o convívio entre os atletas destes clube foi constante e mesmo durante a durante a final do torneio disputada entre o GDRAR e o BAC, os jovens de Reguengos que no dia anterior tinham perdido com os Eborenses por mais de 60 pontos, não deixaram de apoiar os seus amigos durante todo o jogo. Apetece-me perguntar: Será que os adultos que mandam no nosso basket não conseguem aprender nada com estas crianças?

Sérgio Rosmaninho

4 comentários:

Treinador disse...

Já aqui referi algumas vezes caro colega. Cá vai mais uma:

"Há pessoas que pensam que sabem mais do que aquilo que realmente sabem"

Depois os clubes das outras associações vão evoluindo e nós, no Alentejo "vamos andando".

Penso que é esta a resposta ás suas dúvidas.

Cumprimentos,

TM

Gonçalo S. disse...

muito bem dito, tens todo o meu apoio a 100%.

Luís Francisco disse...

As pessoas que gostam da modalidade são poucas e as que se dispõem a dedicar horas do seu tempo em prol dos jovens ainda menos. Faltam treinadores e obviamente dirigentes. Os poucos que se dedicam são aproveitados como treinadores e na falta de pessoas para as restantes funções, estes acumulam como funcionários do pavilhão, motoristas e naturalmente...dirigentes. Os clubes tentam melhorar a qualidade, pois torna-se impossivel trabalhar mais horas. À Associação de Basquetebol do Alentejo pede-se que, a semelhança das outras associações do interior do país, ajude os clubes, compreendendo o sacrificio que fazem no dia-a-dia. Se para além disso, acrescentarem iniciativas que projectem o basquetebol da região, seria uma ajuda óptima.
Nem sempre isso tem acontecido e cada vez é maior o distanciamento relativamente ao que se faz no dia-a dia. É raro ver um dirigente associativo num pavilhão em que esteja uma equipa de formação. A avaliação das actividades é inexistente e o diálogo com os clubes é pontual. Veja-se o exemplo da eleição para os corpos sociais da FPB por parte da A.B. Aveiro: o presidente auscultou os clubes e estes decidiram o contrário do seu presidente. Da discussão, nasceu a congregação de opiniões.

Andre_24 disse...

Infelizmente vivemos num país em que a imagem vale mil vezes mais que a competência.
Se associarmos este facto a uma camâra cujos mandatos têem sido pautados por constantes iniciativas futeis a bem da bela da foto no jornal diário ou da reportagem num qualquer telejornal a horas obcenas não será de estranhar que a A.B.A. Tenha conseguido “convencer” a camâra a “bancar” um fim de semana de recepções, almoços, jantares e beberetes intercalados por umas quantas preleções acerca de basquetebol, no fundo o que realmente devia de importar.
Tal como foi frisado, tambem não sou contra a acção, apenas não compreendo como justifica a A.B.A. a sua incompetência para conseguir os apoios da camâra prometidos aos clubes que fomentam, a custo, o basket na região e de repente conseguem 2, 3, 4 mil euros ( tou a divagar nos valores, mas decerto não estarei muito longe!!!) para que uma “data” de engravatados venham passar um fim de semana, à pala com o dinheiro que devia estar nos clubes, falar de algo que esta a milhas da realidade basquetebolistica do alentejo!!!
Compreende-se... os responsaveis da A.B.A. tambem terão direito ao repasto enquanto que ao entregar o dinheiro aos clubes apenas teriam mais chatices, afinal os clubes ao receberem mais dinheiro iriam promover o crecismento da modalidade , logo mais dores de cabeça para os dirigentes da A.B.A.
Felizmente fui um dos felizardos a passar pela experiência que é participar num jamboree como monitor e pude constatar a felicidade que isso acarreta a qualquer jovem que se está a iniciar na modalidade, dai que em mais uma decisão lamentável, não se compreende que a A.B.A. tenha prescindido de uma vaga para o jamboree que se avizinha; a não ser é claro que falta-se verba para pagar o almoço a mais um convidado do clinic...