04/04/2016

Equipas alentejanas merecem elogio!

   Terminou a festa juvenil do basquetebol em Albufeira. Mais uma vez viveram-se momentos de muito convivo, reviram-se amigos, fizeram-se novas amizades. O basquetebol une as pessoas e os resultados são determinantes para os vencedores, mas servem igualmente para aquilatar do trabalho que se vai fazendo nas diferentes regiões. Estiveram presentes os futuros jogadores das seleções nacionais. Alguns destes poderão ser oriundos de regiões do interior do país, mas a verdade é que  a cada época que passa, os planos de desenvolvimento têm visado o "país" de Setúbal a Braga!!!
    Mas qual foi o balanço das equipas do Alentejo?
O primeiro elogio vai para os treinadores de todas as equipas. Foram eles quem, dando o melhor de si, souberam criar o ambiente de empenho e excelente comportamento extra desportivo que todas as equipas demonstraram. Coube-lhes as escolhas dos atletas e num ponto estaremos todos de acordo: nenhum(a) atleta não selecionado teria feito a diferença na competição.
   As quatro seleções tiveram sucesso, face às expectativas que cada uma levava à saída de Évora.
No sector masculino o destaque vai para os sub 14 masculinos.

  A equipa tinha 3 atletas de qualidade superior: Vasco Lança, Pedro Leitão e Luís Serrano. Assentou o seu jogo numa defesa agressiva, atacando com processos muito simples. Foram essas as chaves do seu sucesso. Todos os atletas defendiam muito bem e quando os contra ataques não apareciam, as ações individuais destes 3 jovens resolvia. Ficaram a um passo de subir ao primeiro nível  ao perder com Santarém, num jogo que venciam por 16 pontos ao intervalo e sofreram um parcial de 0-24 no 3º período.
Ficou em todos este amargo na boca, mas tal não retira o brilho do conseguido. A explicação do sucedido será compreendido num futuro próximo.
A equipa de sub 16 masculina era a que tinha maiores expectativas. Foi a que treinou mais e melhor. Era igualmente a mais organizada nas diferentes fases do jogo. Defendeu sempre muito bem e não permitiu aos adversários grandes facilidades, mas falhava no ataque, marcando sempre poucos pontos. Os muitos sistemas táticos para atletas que não estão habituados a tal, pode ser a justificação. Desportivamente foi a seleção com o pior resultado, mas na verdade foi a que mais ganhou. Trabalharam durante meses com a qualidade e exigência que todos o deveriam ter feito. Estão de parabéns os três treinadores e os atletas saíram com a noção do dever cumprido. O único reparo é que uma associação que tem o privilégio de ter Inês Aragão, tem a obrigação de usar todos os seus conhecimentos nas diferentes equipas, nomeadamente junto das jovens atletas, que na sua maioria nem sabem de quem se trata.

O maior sucesso de todas as equipas foi o do sector feminino.

A seleção de sub 16 recebeu na cerimónia de encerramento, das mãos da selecionadora Mariana Kostourkova, um prémio que destacava o comportamento de respeito pelos valores do desporto.
Com efeito, a expressão da sua capitã Tânia Murteira, reflete uma felicidade bem maior do que os presentes poderiam supor e esta imagem vale mais do que mil palavras.
   A jovem representa uma geração de raparigas que se despedem das festas juvenis. Não voltarão, a não ser como espetadoras. Começaram cedo na modalidade, empenharam-se nos seus clubes da melhor forma para evoluir nas diferentes competições. Discutiram nas competições nacionais e obtiveram resultados cada vez melhores.
Sempre que representaram a sua região foram votadas a preparações pouco ou nada cuidadas. Nunca lhes foram dadas condições de treino e competição para chegar a estas festas e obter melhores resultados. Nos quatro anos, nunca fizeram qualquer jogo treino ou torneio pelas diferentes seleções do Alentejo. Nem se esperava que esta seleção de sub 16 feminina vencesse qualquer jogo. Afinal venceram 3! E ficámos todos com a sensação que poderiam vencer mais. Todos os que acompanharam os diferentes jogos saíram sempre do pavilhão com um respeito mais profundo por estas jovens atletas!
O treinador Sérgio Rosmaninho terá o seu mérito, mas foi consensual que o elemento aglutinador do grupo foi...  Vânia Sardinha.
A jovem revelou uma qualidade de liderança que merece ser realçado. Ajudou com os seus conhecimentos e bom senso, mas igualmente com uma postura de empenho e inteligência. A pedido das atletas queremos demonstrar o seu reconhecimento.
A surpresa maior foi a equipa de sub 14 feminino.
   A seleção das miúdas mais novas era constituídas por atletas que disputaram um campeonato em sistema de 4x4. A maioria nunca tinha feito um jogo 5x5 e algumas das jovens nem sequer tinham feito qualquer jogo oficial. Deste grupo não se esperava qualquer sucesso desportivo. Pedia-se apenas que não fossem cilindradas por números excessivos. Também elas nunca foram privilegiadas com a presença em jogos particulares ou torneios...o normal do que já sucedeu às mais velhas.
   O primeiro jogo deixava prever essa possibilidade, pois a equipa apenas converteu 11 pontos. Ao longo da competição foram melhorando significativamente e venceram DUAS partidas, sendo uma dessas vitórias obtida com um cesto nos últimos segundos!
   Merecem os parabéns os treinadores Francisco Gaspar e Cristina Torres que para além de dirigir tecnicamente as jovens ainda tiveram que fazer o papel que cabia a um dirigente...que não tinham!
As jovens de ambas as equipas saíram do Algarve com a sensação de terem dado uma resposta a todos os que nunca quiseram ou foram capazes de lhes dar as condições mínimas para se apresentarem melhor nestas competições. Se tal tivesse acontecido as seleções femininas teriam saído de lá com melhores classificações.
   Será verdade o que muitos comentavam em surdina, que algumas situações vividas neste processo visaram a preparação para que assim se mantenham por mais alguns anos?
Certamente que não!  A inteligência, a auto crítica e o objetivo de trabalhar para o bem do basquetebol do Alentejo ditarão que todas as seleções passarão a contar com melhores condições. Deve servir de exemplo o como sucedeu aos sub 16 masculinos e os resultados classificativos serão secundários pois a evolução dos jovens o mais importante! Se aliarmos o bom ao ótimo...melhor ainda!
Luís Francisco.

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